Disse a vaidosa estrela quando viu
De um lago azul a débil transparência:
— Por que te deu a sábia providência
Um corpo tão monótono e sombrio?
–
Comigo teve Deus maior clemência
E do esplendor eterno me vestia!
Que vales, pois, ó lago humilde e frio,
Perto da minha deslumbrante essência?
–
Nos céus eu moro! O meu destino zomba
De ignota força que reparte as mágoas!
Tenho a ventura de desconhecê-la.
–
— Mas quando a noite vagarosa tomba
É no seio fiel das minhas águas
Que vens dormir, ó luminosa estrela!
Luiz Guimarães